segunda-feira, 5 de março de 2012

O Método Pilates como uma abordagem Psicossomática (Parte I)





O Método Pilates como uma abordagem Psicossomática (Parte I)

Ainda hoje, há dificuldades na compreensão do ser humano como um todo integral. Em circunstâncias comuns, dificilmente prestamos atenção às nossas sensações corporais como uma unidade corpo e mente, contudo, muitas vezes, a percepção dos nossos estados corporais só ocorre nas situações em que uma dor extrema ou um intenso prazer nos estimula.

Pensando nisso, torna-se interessante observarmos certos padrões de tensão ou de traumas da vida que emergem organicamente. Perceber de que forma nossos recursos internos nos ajudam a lidar com acontecimentos diversos, como o desapontamento, a frustração e o enfrentamento. Enfim, dar-nos conta de que as ações do corpo-mente estão intimamente ligadas à nossa qualidade de vida.

Por isso, no cotidiano ou nas condutas sociais, seria importante encontrar uma linguagem que permita transmitir o modo, a profundidade e a intensidade com que certas reações corporais são vividas. Ou seja, compreender que o corpo também pode ser um meio eficiente de comunicação para interpretar nosso conteúdo, despertar nossos sentidos, aguçar nossas percepções, nossas estruturas psicológicas, sociológicas e históricas.

Em vista disso, a proposta deste artigo é convidar-nos a uma postura reflexiva sobre os significados dos caminhos para o condicionamento do corpo, sinalizando o Método Pilates como um processo dialógico com a Abordagem Psicossomática.

Para atingir esse objeto, as considerações deste estudo se deram mediante referências de livros, artigos de periódicos e também, pesquisa na base de dados LILACS, MEDLINE e SCIELO.

Pilates é um método de condicionamento físico, que integra o corpo e a mente, amplia a capacidade dos movimentos, aumenta o controle, a força, o equilíbrio muscular e a consciência corporal. Solicita o corpo na sua totalidade. Corrige a postura, realinha a musculatura e desenvolve a estabilidade corporal para uma vida mais saudável e longa (CAMARÃO, 2004; KOLYNIAK, CAVALCANTI e AOKI, 2004).

Panelli e Marco citam que os exercícios de Pilates foram desenvolvidos para serem executados e dominados a ponto de se tornarem uma reação do subconsciente, buscando desenvolver o corpo da melhor forma possível, acompanhado de um vigor físico e mental renovado (2006).

O criador desse método, Joseph Humbertus Pilates, nasceu na Alemanha em 1880 e viveu uma infância fragilizada por algumas doenças como asma, raquitismo, bronquite e febre reumática. Por isso, se dedicou à melhora da condição física praticando ginástica, mergulho, esqui e boxe. Pilates era um autodidata, conhecedor de fisiologia, anatomia e da medicina tradicional chinesa, além disso, teve influência de diversos saberes, desde os princípios de yoga e artes marciais até ao estudo do movimento dos animais (ROBINSON e NAPPER, 2002; BOLSANELLO, 2008).

Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, Pilates vivia na Inglaterra e ganhava a vida como lutador de boxe, foi então considerado inimigo estrangeiro e preso em um campo de concentração. Lá, ele atuou como enfermeiro, auxiliou na recuperação dos feridos e também treinou outros internos com os exercícios que criou. Pilates “utilizava as molas das camas hospitalares para iniciar a tonificação dos músculos dos pacientes, mesmo antes de poderem se levantar, criando então, os aparelhos que são utilizados até hoje” (PANELLI e MARCO, 2006, p.22).

A técnica desenvolvida por Pilates, só foi reconhecida em 1918, data em que ocorreu uma epidemia do vírus Influenza e que assolou a Europa, morrendo muitos ingleses, porém, nenhum dos internos treinados por Joseph foi infectado.

Foi em 1926 que Joseph Pilates mudou-se para Nova York onde fundou seu primeiro estúdio e denominou seu método de Contrologia. Imediatamente, atraiu a atenção do público da dança, posto que, os bailarinos desejavam melhorar o desempenho, se recuperar de lesões nas articulações, bem como preveni-las (URLA, 2005).

Em 1967, aos 87 anos, Joseph Humbertus Pilates morreu, mas deixou-nos o seu legado, conforme cita Camarão: “A teoria e a prática do Método Pilates ficou bem explicada [...] em seu livro Return to life Through Contrology, no qual definia a sua técnica como a completa integração entre corpo, mente e espírito” (2004, p.2). Pilates não teve o reconhecimento científico que esperava, pois “estava a pelo menos cinqüenta anos à frente de sua época” (PANELLI e MARCO 2006, p.24).

Segundo Panelli e Marco (2006), Pilates afirma que nem a mente, nem o corpo podem ser considerados com supremacia, ou seja, um não deve ser sacrificado à existência do outro, sendo imprescindível estabelecer um equilíbrio, em busca da melhor coordenação possível, visando sempre o bem-estar geral.

Nesse sentido, Pilates (2000) apud Kolyniak, Cavalcanti e Aoki (2004), define Contrologia como “o controle consciente de todos os movimentos musculares do corpo”. E, baseado nessa consciência corporal, Joseph Pilates estabeleceu a centralização, a concentração, o controle, a precisão, a respiração e a fluidez, como os Princípios Básicos de Controle do Corpo.

Enviado pela leitora Luciani Lima a Revista Pilates


extraido de: http://korperpilates.wordpress.com/2011/05/02/o-metodo-pilates-como-uma-abordagem-psicossomatica-parte-i

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